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domingo, 28 de novembro de 2010

XADREZ


O xadrez é um jogo de tabuleiro de natureza recreativa e competitiva para dois jogadores ou mais. É apontado entre os jogos como o mais intelectual dos praticados no mundo, graças ao seu aspecto artístico, científico e competitivo. É um jogo que se assemelha à guerra, onde um exército luta contra outro dispondo do mesmo número de elementos no início da partida.
É um dos jogos mais populares do mundo, sendo praticado por milhões de pessoas em torneios amadores e profissionais, clubes, escolas, pela internet e informalmente. Na terminologia da modalidade, os jogadores de xadrez são conhecidos como enxadristas (ou xadrezistas). O único momento em que a sorte conta no xadrez é no sorteio das cores no início do jogo, já que as brancas sempre fazem o primeiro movimento e teriam, em tese, uma pequena vantagem por isso.
Existem também diversas lendas sobre a origem do Xadrez, dentre elas irei destacar quatro:
"Lenda de Caissa"
Caissa seria uma jovem deusa que há milhares de anos atrás, inventou um jogo de estratégia que era representado por dois exércitos (Brancos e Negros) que visavam eliminar um ao outro. Cada exército era composto por 8 peões, 2 torres, 2 cavalos, 2 bispos, uma rainha e um rei. Caissa, deu a cada membro do exército habilidades, porém, também os amaldiçoou com alguns impedimentos.
Os peões tinham a habilidade de andar 2 casas na sua primeira caminhada e como maldição não podiam matar os soldados adversários que estivessem à sua frente, apenas os que estivessem na sua diagonal.
As torres receberam a vida e a habilidade de fazer o roque, porém, foram amaldiçoadas e podiam andar somente na horizontal.
Os cavalos podiam saltar sobre as muralhas do seu exército e do exército inimigo, mas como maldição só podem se locomover / atacar em "L".
Os bispos foram empregados igualmente como no tempo da inquisição, mas desta vez eles não matam pessoas pela religião e sim pela cor. A maldição a eles designada foi a de só poderem se locomover/ atacar na diagonal.

A dama ou rainha foi feita a semelhança da deusa (Caissa), sendo assim a mais poderosa de todo o jogo e a única que não recebeu nenhum tipo de maldição.

O rei foi criado para parecerem iguais aos generais de guerra que logo iriam surgir. Sua inspiração aos generais é simples, pois os generais mandam soldados para a guerra sem a menor importância se eles irão retornar vivos. Uma maldição lhe foi lançada para impedir que ele se aproxime uma casa do rei adversário.
Com receio de sua família achar e destruir o jogo que havia criado, Caissa como não havia achado um lugar ideal para escondê-lo, resolveu lança-lo à terra. O jogo caiu na Índia, no início, os indianos não sabiam bem como jogá-lo, até que um dia um indiano resolveu dar regras aquele jogo para que fosse jogado igualmente por todos. Quando Caíssa resolveu resgatá-lo e mostrá-lo a sua família descobriu que o jogo tinha muitos adeptos na Índia então para proteger sua invenção resolveu deixá-lo definitivamente na Terra.
"Sissa inventa o Chaturanga na India"
Entre os anos 600 e 700 de nossa era, conta-se que o rei (rajá) Bahlait, pediu a um brâmane de sua corte de nome Sissa, que criasse um jogo revelador de valores e qualidades, como prudência, diligência, previdência e conhecimento. Sissa levou ao rei um tabuleiro de xadrez não muito diferente do que é hoje utilizado. As peças representavam os quatro elementos do exército indiano da época – carros (em algumas versões, a peça que hoje se tornou a torre era um barco a vela, então atuante em guerras fluviais e marítimas), cavalos, elefantes e soldados de infantaria – liderado por um rei e seu vizir (chefe de estado / autoridade), que viria a se tornar a rainha na Idade Média. Sissa explicou o motivo por ter escolhido a guerra como modelo porque ela era a mais efetiva escola para se aprender o valor de uma decisão tomada, o vigor, a resistência, a circunspecção e a coragem. A esse jogo foi dado o nome de chaturanga, que significa “exército formado por quatro membros”.

Quando rajá Bahlait percebeu a qualidade do jogo, quis presentear Sissa. Este então resolveu dar uma lição de humildade, e pediu o seguinte: dois grãos de trigo pela primeira casa do tabuleiro, quatro grãos pela segunda, oito pela terceira, dezesseis pela quarta, e assim sucessivamente até que se completassem as sessenta e quatro casas.
O rei achou estranho que alguém com tanta inteligência fosse pedir algo aparentemente tão simples, ordenou que realizassem seu desejo. Em pouco tempo seu vizir lhe indicou que era impossível satisfazer a demanda, pois a quantidade de trigo que Sissa pedira era muitíssimo mais do que eles podiam chegar a ter.
Se o pedido de Sissa pudesse ser atendido a 64º casa do tabuleiro teria o incrível número de 18.446.744.073.709.551.615 grãos de trigo. Desse modo, a primeira pessoa a ter a cuca fundida pelas imensas possibilidades do xadrez foi o rajá, ao saber que nem uma camada de trigo de 3 metros de espessura cobrindo o planeta daria conta do recado.
    " O Xadrez inventado na China"
Existem evidências de que o xadrez foi primeiramente inventado na China em 204-203 a.C. por Han Xin, um líder militar, para dar às suas tropas algo para fazer durante um acampamento de inverno.
     "O Xadrez de Palamedes"
Existe uma lenda que credita ao grego Palamedes a criação do xadrez. O jogo teria sido inventado como um passatempo para distrair os príncipes e seus soldados durante o longo período que durou o cerco imposto pelos gregos a cidade-estado de Tróia

O Xadrez, a Escola e as Crianças
O xadrez é hoje considerado uma ciência, um esporte, um jogo e também uma arte. Com tantas características, é fácil perceber que sua prática é de fundamental importância para a formação das crianças e até mesmo dos adolescentes.
Estudos já comprovaram que o jogo é uma atividade que exercita e desenvolve a concentração, o raciocínio lógico-matemático, a visão espacial, além de trabalhar com a imaginação, a atenção, o estímulo da memória, a projeção do presente e do futuro, a recordação, a percepção, o planejamento, e o pensamento de todas as atitudes feitas na partida.
Parece que o jogo por ser tão educativo chega a ser chato certo? Errado, a aceitação deste esporte nas escolas tem sido de grande relevância e felicidade para os professores. É claro que existem sempre alguns alunos que fazem de tudo para se afastar da atividade, mas com o tempo, eles vêem que isto não os leva a nada além de perderem uma grande oportunidade de se divertir.
O jogo para as crianças nada mais é do que uma boa brincadeira de raciocínio, pelo qual se tem que preparar um plano (estratégia de jogo), pensar na melhor jogada a ser feita e não esquecer que toda ação existe uma reação, ou seja, pensar qual será a próxima jogada do adversário.
Através do xadrez uma pessoa pode identificar depois de um determinado tempo as características psicológicas de uma criança observando seu estilo no jogo como, por exemplo, saber se ela tem uma tendência para ser uma pessoa aguerrida (que vai em busca de seus objetivos sem temer nada), precavida (que tem a paciência necessária para saber o momento certo de suas atitudes decisivas), estrategista (que analisa toda a situação e prepara seu melhor ataque) e até mesmo posicional (que trabalha com as experiências já estudadas para agir da melhor maneira possível).
Xadrez / Ciência
Apaixonados pelo jogo de xadrez e por ciência concordam com Montaigne ao dizer que xadrez é muito jogo para ser ciência, mas também é muita ciência para ser um jogo. Essa relação é válida, visto que o conhecimento em xadrez, assim como o conhecimento científico, exige muita dedicação, estudo, horas de treino e um pouco de sorte. Alguns desafios de xadrez passam por gerações sem serem respondidos, até que um indivíduo insere um movimento na resposta e após mais um tempo outro consegue completar a solução do problema.
Para praticar o xadrez é necessário que o enxadrista conheça as regras do jogo, desenvolva uma estratégia que deve ser continuamente reestruturada, além de ponderar os riscos e benefícios remotos e futuros de suas próprias jogadas e do seu oponente. A psicologia desde o século XIX e ao longo do século XX tem buscado entender a cognição por trás do jogo de xadrez. Esse conhecimento pode fornecer importantes informações para a compreensão de mecanismos envolvidos com a percepção, a memória, o aprendizado e o raciocínio.
O jogo de xadrez é um modelo específico para a cognição humana devido não poder ser aplicado em outros primatas.
Os estudos neuropsicológicos vêm buscando fazer inferências sobre as bases neurais da cognição do jogo de xadrez. Crangberg e Albert sugeriram que a habilidade de jogar xadrez fosse uma especialização do hemisfério cerebral direito, devido a uma alta freqüência de grandes mestres canhotos. Nos últimos vinte anos, as técnicas de imageamento cerebral funcional contribuíram para a aquisição do conhecimento sobre as áreas encefálicas envolvidas pelo raciocínio do enxadrista durante o jogo de xadrez. Usaram tomografia por emissão de pósitrons para investigar quais áreas encefálicas estavam ativadas para tarefas de discriminação espacial, tarefas para interpretar as regras do jogo e tarefas para avaliar a possibilidade de cheque-mate nas jogadas posteriores. Os resultados relacionados à interpretação da regra apresentaram maior ativação do hipocampo e lobo temporal esquerdo em relação à condição da tarefa de discriminação espacial. O hipocampo é uma área reconhecidamente envolvida com a memória e o lobo temporal tem sido relacionado à identificação de objetos e formação inicial da memória.
Já a condição de avaliação do cheque-mate sobressaiu-se em relação à condição de interpretação da regra com maior ativação dos lobos occipital, parietal e regiões pré-frontais. O lobo occipital é ativado pelo processamento do estímulo visual, mas, nesse caso, pode ter outro papel não esclarecido visto que todas as outras atividades também necessitam processar a imagem para sua realização. O lobo parietal é ativado quando sujeitos alternam a atenção entre lugares diferentes e as regiões pré-frontais são ditas responsáveis por processamentos cognitivos complexos como o reconhecimento de si e o raciocínio lógico e matemático.


Resumindo, o Xadrez é uma ótima opção para ensino nas escolas, utilizando-o de forma inter-disciplinar, que é o grande desafio nas escolas. Fazer com que as crianças aprendam diversas disciplinas de forma lúdica. 

Referências:
CARVALHO, Herbert & ALVES, Marcus V. Barili. Tabuleiro da Vida: O xadrez na história. Historias do Xadrez. Senac, 2003.
GIUSTI, Paulo. História Ilustrada do Xadrez. Annablume, 2002.
www.clubedoxadrez.com.br